testemunho de Nuno Dias – Stand Motorsport

APDCA – Há quantos anos foi fundado o Stand Motorsport e onde é que fica situado?

Nuno Dias – O Stand Motorsport foi fundado em 1999. Estamos situados em Vila Verde, no Distrito de Braga, mas concretamente na rua D. João de Aboim.

APDCA – Quando é que se tornou sócio da APDCA e como é que soube da existência da Associação Portuguesa do Comércio Automóvel?

Nuno Dias – Nós fomos dos primeiros a acreditar na criação da APDCA e somos associados desde a fundação. Na altura, estava integrado num grupo de Whatsapp em que se discutiam os problemas do setor e comecei a ouvir falar da possível criação de uma associação que defendesse os interesses específicos do comércio de usados e na altura, como hoje, achei que era uma excelente ideia que apoiei desde logo. E digo-lhe, não estou nada arrependido. Acho que tem feito um trabalho meritório e que o apoio que presta aos associados (direta ou indiretamente) é uma mais-valia que muitos, infelizmente, não reconhecem ou da qual não tiram partido.

APDCA – Já utilizou ou tirou partido dos serviços ou protocolos que colocamos à disposição dos nossos associados?

Nuno Dias – Sim, muitos. Aliás, nós tiramos partido de quase tudo. Do apoio direto ao associado, dos protocolos referentes aos seguros e aos descontos nos combustíveis, da formação. Enfim, sempre que há uma mais-valia associada, um desconto ou é um serviço que valorizamos, fazemos questão de aproveitar. Também estamos inseridos nos leilões APDCA B2B e estamos ansiosos por começar a tirar partido do Programa Usado Certificado. Só ainda não certificámos nenhuma viatura porque temos de juntar um grupo alargado para justificar a deslocação da Dekra, já que aqui na zona não temos nenhum centro deles aqui por perto. No Stand Motorsport acreditamos que a certificação de usados é um argumento diferenciador e queremos apostar nesta estratégia. Acredito que, muito em breve, iremos ter viaturas com o selo “Usado Aprovado APDCA”.

APDCA – Quais são os principais desafios que enfrenta na sua atividade?

Nuno Dias – Ui, são tantos… Esta é uma área de atividade particularmente desafiante, não só pela burocracia que envolve, mas também pela dificuldade em encontrar stock, pelas margens esmagadas pelos sucessivos impostos ou até pela falta de regulamentação específica. Em relação aos impostos, e sabendo que estou a repetir uma crítica já feita inúmeras vezes por outros empresários do setor, o IUC dos carros em stock é de uma injustiça flagrante e um peso enorme para as finanças de uma empresa como esta. Nós temos, em média, cerca de 80 viaturas em stock, já viu o que isto representa em termos de tesouraria? É uma fortuna em Imposto de Circulação, sendo que, na maioria das vezes, as viaturas estão paradas, não circulam…
A história da famigerada “lei das garantias” é outra injustiça por parte de quem legisla sem ouvir os protagonistas do setor. Não acredito que algum empresário sério esteja contra a existência de garantias, o que não faz sentido é a lei misturar “alhos e bugalhos” e meter no mesmo saco automóveis usados com 4 anos e outros com 14.
Já a questão dos elétricos, não sendo um problema de legislação, é um problema conjetural. Nesta fase de mudança de paradigma energético, temos mais questões do que certezas em relação ao futuro. A manutenção do stock de elétricos, a desvalorização, a procura dos clientes… São tudo questões que se colocam e novos desafios para os quais vamos ter de estar preparados. Até era uma boa ideia promover um encontro com outros empresários e especialistas para discutirmos este tema… Fica aqui o desafio à APDCA.
Por fim, não posso deixar de referir a concorrência desleal, outro tema “repetido”, mas que nos aflige a todos. E não falo da concorrência desleal apenas na venda por parte dos falsos particulares, mas também na importação paralela. Nós vamos ao mercado europeu buscar quase 90% do nosso stock. Já temos uma cadeia de abastecimento criada, contatos feitos e achamos que é uma solução boa para a falta de stock de qualidade em Portugal. O problema é que um “particular” não está sujeito à mesma carga fiscal e burocrática e não oferece garantias, conseguindo preços mais baratos e, ainda assim, ter margens maiores. Ou seja, no fundo perdemos todos: estado, consumidor e empresas.