O “mercado paralelo” no negócio de automóveis usados em Portugal será um dos temas em debate no sábado, no Porto, na segunda convenção da Associação Portuguesa do Comércio Automóvel (APDCA), que reclama que o Governo legisle rapidamente nesta área.
Se estamos a falar de branqueamento de capitais, então nada melhor do que a compra e venda de um automóvel entre particulares, que não é regulamentada nem fiscalizada. Qualquer particular pode comprar e vender os carros que quiser, sem pagar impostos”, disse o presidente da APDCA, Vitor Gouveia, à agência Lusa.
Para o dirigente associativo, “as exigências da ASAE [Autoridade de Segurança Alimentar e Económica] e da luta contra o terrorismo têm que ser mais abrangentes, porque atualmente está a penalizar-se uma quantidade de entidades, incluindo o Estado português”.
“Isto tem que ser legislado e este é o desafio que temos para 2019: temos que nos sentar com o Governo, com os ministros das Economia e das Finanças, para revermos isto, porque o mercado paralelo está a crescer a olhos vistos e nem o Governo vê receita, nem se gera emprego, apenas se gera mercado paralelo e livre circulação de moeda”, afirmou.
Criada em 2017 para defender em exclusivo os interesses do setor do comércio automóvel de veículos usados, que se sentia como “o parente pobre” do setor, apesar “dos muitos empregos e valor acrescentado que gera”, a APDCA vai também apresentar no sábado o seu novo portal de compra e venda de automóveis usados, a lançar no próximo mês de novembro.
Segundo adiantou à Lusa Vitor Gouveia, este portal “vai ser disruptivo e um concorrente direto do Standvirtual, que neste momento é uma entidade monopolista, porque não há nenhum outro portal que lhe faça frente”.
Como resultado, disse, “nos últimos quatro anos” o custo dos anúncios neste portal “aumentou em mais de quatro vezes”, o que “se tem notado nos encargos operacionais das empresas” do setor.
De acordo com o presidente da APDCA, o novo portal da associação será um investimento “a cinco anos”, no valor total de 11 milhões de euros, dos quais dois milhões “na fase inicial, apenas para elaboração do ‘website’ [sítio na Internet]”.
“Vamos ter um programa de certificação dos carros que vai ser muito interessante para o cliente final em termos de qualidade e confiança na compra de veículos usados”, revelou, acrescentando que “vai ser para o mercado e não apenas exclusivo para os associados”.
A decorrer no Centro de Congressos da Alfândega, no Porto, a segunda convenção da APDCA conta com mais de 300 inscritos e dirige-se “a todos os operadores económicos associados à atividade, desde financeiras a gestoras de frotas, leiloeiras, gestoras de garantia e empresas de tecnologia”.
“Vai haver troca de conhecimentos, informações e contactos e a apresentação do que foi o nosso trabalho enquanto associação ao longo de 2018 e dos nossos objetivos e missão para 2019”, disse Vitor Gouveia.
De âmbito nacional, a APDCA conta, atualmente, com duas centenas de revendedores de automóveis usados como associados.
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