Portugueses foram buscar 77241 automóveis ligeiros ao estrangeiro no ano passado, mais de metade dos quais a gasóleo. O peso dos carros importados usados no mercado português está ao nível de países como a Roménia e a Polónia.
As importações de veículos usados mais do que triplicaram desde 2011, an em que a troika chegou a Portugal, mostram os dados do INE e da ACAP – Associação Automóvel de Portugal. O preço mais baixo, associado às vantagens fiscais, explica o crescimento deste mercado. Em 2018 as compras destes carros no exterior aumentaram 16,7% para 77 241 unidades. Um número que supera em mais de três vezes os 23 145 carros usados vindos do estrangeiro em 2011 [ver infografia]. No mesmo período, as vendas de automóveis ligeiros novos aumentaram 48,8%, de 153 404 para 228 290 registos. O peso dos usados no mercado dos novos passou de 15,1% para 33,8% nos últimos sete anos.
“O mercado de usados tornou-se atrativo para concessionários e marcas. As pessoas, muitas vezes, preferem esperar pelo menos seis meses para comprar um usado porque pagam menos 20% ou 30% do que nos carros novos”, explica ao DN/Dinheiro Vivo o presidente executivo do Montepio Crédito, Pedro Gouveia Alves.
Os carros usados até cinco anos são os mais procurados, destaca Vítor Gouveia, presidente da APDCA – Associação Portuguesa do Comércio Automóvel. Já o responsável do Montepio Crédito refere que os veículos com mais idade “são um risco, porque perdem a garantia do fabricante e a desvalorização deixa de ser interessante”.
Renault, Peugeot, Mercedes e BMW são as insígnias que mais se destacam nas vendas. Mas mesmo nas marcas premium, “os portugueses preferem comprar carros do segmento médio a baixo. Os carros com menos emissões de dióxido de carbono, bem como de cilindrada mais baixa, são mais interessantes para o mercado português”, lembra o líder da APDCA.
As menores emissões também explicam o maior peso do gasóleo sobre a gasolina. Mas não foi sempre assim: entre 2011 e 2013, os importados a gasolina tinham um peso de 60% no mercado de usados; desde 2014, o gasóleo assumiu a dianteira, com quase 70% do mercado. Tal como nos veículos novos, o diesel está a perder peso e ficou-se pelos 60% no ano passado.
A APDCA refere que “ainda é vantajoso a utilização do diesel para quem faça pelo menos 30 000 km/ano, no caso dos particulares, e do ponto de vista fiscal e operacional para as empresas”.
O maior peso dos usados importados no mercado automóvel português preocupa o secretário-geral da ACAP, Hélder Pedro. “Devido aos diferentes níveis de carga fiscal entre países, assistimos à entrada em grande número de veículos usados, em proporções que só têm equivalência em países como a Roménia ou a Polónia.”
Hélder Pedro refere que esta situação tem contribuído para o envelhecimento da idade média dos carros ligeiros em Portugal. Quando a troika entrou, estes automóveis tinham 10,1 anos; em 2018, cinco anos depois da “saída limpa”, já contavam com 12,6 anos.
Alemães e franceses preferidos
França, Alemanha e Bélgica são os países onde os portugueses mais vão buscar carros. França lidera nos automóveis a gasóleo e a Alemanha domina nas importações dos automóveis a gasolina. A Bélgica surge na terceira posição por ser “um dos polos do centro da Europa de mais fácil transporte de veículos para Portugal” e por ter uma “variedade de automóveis mais interessante do que em países como Espanha”, lembra Vítor Gouveia.
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