APDCA – Há quanto tempo o Pedro está ligado à área do comércio automóvel e quando é que a abriu a Gardunhacar, no Fundão?
Pedro Roriz Costa – Estou nesta área de atividade desde 1993 e abri a Gardunhacar em 2004. Já tenho muitos anos de experiência no setor. Além disso, divido o meu tempo entre Lisboa, de onde sou originário, e o Fundão, pelo que acabo por conhecer muito bem as duas realidades e as dificuldades de se ter um negócio deste tipo no interior do país.
APDCA – Há quantos anos é associado da APDCA e como é que conheceu a associação?
PRC – Não me lembro da data exata, mas foi pouco tempo depois de esta ter sido criada. Eu ainda cheguei a fazer parte do grupo original que discutiu a necessidade de existir uma associação específica do setor. Não só para combater os “poderes” instalados em algumas plataformas digitais, mas para defender os interesses do setor e criar regulamentação específica para o mesmo.
APDCA – Já tirou partido de algum protocolo ou de algum serviço da APDCA?
PRC – Sim, aderi ao protocolo do seguro de carta. Em termos de preços e vantagens há uma série de protocolos que considero muito interessantes. Não sendo essa a única razão pela qual acho que nos devemos tornar associados, a verdade é que o apoio que a APDCA presta e os protocolos que vem assinando podem representar uma importante mais valia financeira para as tesourarias das nossas empresas.
APDCA – Que desafios reconhece ao setor e quais são as áreas em que acha a atuação da APDCA particularmente pertinente?
PRC – Os desafios do setor são muitos, mas reconheço o papel que a APDCA tem tido no sentido de os resolver ou, pelo menos, contribuir para a sua solução a médio-prazo. O principal é o das garantias, que pode levar muitas empresas a uma situação financeira complicada, especialmente nas regiões mais desfavorecidas do país. Sei que a APDCA tem sensibilizado as autoridades competentes para a questão e que tem encetado conversações com várias bancadas parlamentares e membros do executivo para encontrar uma solução justa e equilibrada para todas as partes.
A outra, e em que a APDCA há muito batalha, é a necessidade de criar uma carteira profissional para quem atua neste setor de atividade que permita criar um maior equilíbrio e equidade entre todos os intervenientes nesta área. Hoje em dia, qualquer pessoa se pode intitular comerciante de automóveis usados, mesmo sem ter qualquer tipo de conhecimento ou ter passado pelo crivo de uma entidade que avalie a situação. A criação de uma carteira profissional vai, desde logo, ajudar a separar o “trigo do joio” e regulamentar a atividade. Em última análise também os consumidores estarão mais defendidos, já que sabem com quem estão a lidar e que poderão “responsabilizar” se algo correr menos bem.
Outro dos desafios prende-se com a distância a que estes comerciantes do interior vivem dos centros de decisão. Eu sei que a APDCA está a fazer um esforço no sentido de encontrar mais parceiros e reforçar a rede de oficinas envolvidas, mas, neste momento, se só quiser a certificação de duas ou três viaturas tenho de me deslocar quase 200 km o que torna a situação, financeira e logisticamente, complicada.
APDCA – E que soluções sugere para os desafios que enunciou?
PRC – Como referi, a existência de uma carteira profissional vai, desde logo, limitar a atividade dos falsos particulares. É porque este tipo de concorrência desleal mina por completo o setor do comércio dos automóveis usados. Mesmo em pequenas coisas, como na possibilidade de criar anúncios gratuitos nas plataformas digitais. Além disso, ao não pagarem impostos e não terem nenhuma estrutura montada, têm custos muito inferiores e conseguem margens com as quais um comerciante sério e com uma “casa” aberta nem consegue sonhar. Já para não falar nas fiscalizações. Eu, por exemplo, sou fiscalizado todo os anos ou até mais de uma vez por ano.
Uma outra solução era limitar o número de automóveis a vender por um “particular” ou obrigar a que o automóvel esteja na sua mão há, pelo menos, seis meses.
Também acho que temos de reunir mais sócios. Mais empresas e empresários envolvidos são sinónimo de mais força e representatividade. Tenho pena que os meus colegas de profissão não percebam isso. É verdade que esse papel de divulgação também poderá e deverá partir de nós, mas acho que temos mesmo todos de fazer um esforço para nos unirmos e contrariar esta tendência de olharmos para os outros apenas como concorrentes, mas também como parceiros, tanto de negócios como na defesa do associativismo.