Entrevista a Luis Mimoso da Automimo

Entrevista a Luis Mimoso – Automimo

APDCA – Quando é que a Automimo foi criada e há quantos anos são sócios da APDCA.

Luis Mimoso – A Automimo existe desde 1998 e está prestes a completar um quarto de século de presença no mercado. Em relação à APDCA, não
sendo dos sócios fundadores, sou pelo menos dos primeiros (nº21). Ainda acompanhei as reuniões iniciais e como há muito achava que uma associação com estas características fazia todo o sentido, quis, desde logo, fazer-me sócio.

APDCA – Após um período de paragem forçada que exigiu grandes sacrifícios aos empresários do setor, continuamos a estar a braços com várias dificuldades. Quais são os maiores desafios que o setor em geral e a Automimo em particular, enfrentam?

LM – De facto, estes dois últimos têm sido exigentes,
desafiantes e puseram à prova a nossa tenacidade e capacidade de reinvenção. O
problema é que, quando já devíamos estar numa fase de retoma plena da
atividade, somos atingidos com a tempestade perfeita. A somar aos dois anos
terríveis da crise pandémica, que provocaram paragens a todos os níveis,
estamos a braços com a crise dos semi-condutores, com a falta de matérias-primas
provocada pelo conflito russo e com aumento do preço da energia, com a
consequente inflação que vai enfraquecer o poder de compra dos consumidores. Mais
uma vez, o setor está a ser posto à prova e temo que, sem apoios ou medidas
concretas, muitos empresários não aguentem mais este embate. Neste momento não conseguimos repor os stocks e quando os
fazemos, as margens são quase incomportáveis. Isto porque, com a escassez de
automóveis novos e semi-novos, os preços de compra dos usados também dispararam.
Mas como o poder de compra está a cair e os bancos estão a dificultar o acesso
ao crédito, para conseguirmos vender estamos a reduzir as margens.

APDCA – Que medidas defende para o setor e como avalia a
atuação da APDCA?

LM – A APDCA está a fazer um trabalho muito meritório no alertar e sensibilizar os
organismos estatais, o governo e os diferentes grupos parlamentares para a
necessidade premente de atuar. Mais do que palmadinhas nas costas ou apoios
efémeros, os empresários do setor precisam de medidas concretas que se traduzem
no combate eficaz aos chamados “falsos particulares”, na criação de uma
carteira profissional para o setor do comércio de automóveis usados, na produção
de legislação específica que defenda os interesses comuns nas relações entre
clientes e empresas e, acima de tudo, na clarificação do Decreto-Lei nº84/2021 – que promoveu a alteração à lei das garantias. Mais
uma vez quisemos ser mais papistas que o papa e acabamos por não proteger o
consumidor como era pretendido, por provocar conflitos desnecessários porque a
lei está mal redigida e não é explicita numa série de pontos. Em Espanha,
França ou Alemanha, foram aprovados 24 meses de garantia com a possibilidade de
redução para 12 por mútuo acordo, porque é que em Portugal o legislador foi tão
mais longe sem analisar e clarificar as consequências das imposições efetuadas
ou o real alcance das mesmas?

APDCA – Já tirou partido dos serviços ou das mais valias que a APDCA coloca ao serviço dos seus associados?

LM – Já, e por variadíssimas ocasiões. Seja por intermédio dos protocolos
e das formações ou através do apoio jurídico. Sabermos que, do outro lado da
“linha”, está sempre alguém que nos pode ajudar ou recorrer ao apoio jurídico e
contabilístico é uma grande paz de espírito. Nesta fase do “campeonato” em que
as preocupações são outras e que se prendem mais com as dificuldades nas
renovações de stock e com as reduções das margens, em caso de dúvida qualquer
apoio é bem-vindo. Além disso, os vários grupos em que participamos e as redes
sociais são sempre fulcrais para trocarmos ideias, tirarmos dúvidas, pedir
opiniões ou, quem sabe, até agilizar algum negócio B2B.