Entrevista a António Pinto Automóveis

…APDCA – Já é um veterano nestas andanças do comércio de automóveis usados. Há quanto tempo conhece a APDCA e desde quando é nosso associado?

António Pinto – Fundei a minha empresa em 1996, já lá vão 24 anos. Ao longo de mais de duas décadas alimentei este desejo de integrar uma Associação de defesa deste setor. Quando se começou a falar na possibilidade de criar a APDCA, quis fazer parte do pelotão da frente, pelo que posso afirmar com orgulho que sou um dos membros fundadores e um dos primeiros associados.

APDCA – Nessa qualidade reconhece o trabalho desenvolvido e já tirou partido do apoio da APDCA? Em que situações?

António Pinto – Os protocolos são sem dúvida uma mais valia de peso do ponto de vista financeiro. O dos seguros de intermediário de crédito e o de carta representam uma poupança significativa e, por si só, já pagariam a quota anual. Mas o contato direto com a APDCA, via telefone ou mail, também é muito importante para ajudar a solucionar problemas ou para tirar dúvidas. Até porque se estas forem mais complexas ou específicas, podem sempre recorrer ao gabinete de apoio jurídico ou a especialistas em diferentes áreas que podem auxiliar.

O que a APDCA tem feito em tão pouco tempo de vida é muito
meritório, mas ainda há muito caminho para desbravar. Muitos problemas do setor
que têm de ser abordados e solucionados…

APDCA – Pode dar alguns exemplos?

Antonio Pinto – A questão do IUC nunca passa de moda, mas para mim uma das grandes “chagas” deste setor é a concorrência desleal do mercado paralelo. Dos falsos particulares que vendem automóveis e não são obrigados a pagar os impostos que os empresários do setor pagam. Tem de haver vontade política de alterar a situação e a APDCA, como representante do setor, tem de atuar nesse sentido. A começar pelos importados. Uma sugestão é que qualquer particular que importe um automóvel usado como tal, deveria ser proibido de, durante pelo menos ano, o poder comercializar. Isto desmotivava logo estes “comerciantes” porque durante um ano teriam o “stock” parado e a desvalorizar. A política de denúncia e o “chico espertismo” também tem de mudar. Todos nós, empresários sérios do setor, conhecemos dezenas de indivíduos que atuam à margem da lei, vendendo automóveis sem qualquer controlo e sem pagarem impostos, há que denunciar estas situações e não compactuar com este negócio paralelo que nos prejudica a todos. Muito menos aproveitar estes ditos “comerciantes” para ainda fazerem negócios com eles…

APDCA – Para além da concorrência desleal que outros desafios enfrenta diariamente, nomeadamente que resultem desta pandemia?

António Pinto – A falta de confiança dos consumidores é um problema que eu sinto. Os clientes surgem (muitas vezes sem condições para fazer o negócio, mas isso é outra questão) e querem comprar o automóvel, mas na hora de passar o cheque retraem-se e acabam por desistir com receio. Os bancos e as financeiras também estão a demonstrar uma extrema falta de confiança, cortando o acesso ao crédito e minando muitos negócios que até teriam pernas para a andar. Alguma coisa terá de mudar sob pena de isto tudo se virar contra nós e contra o sistema financeiro. Eu compreendo as reticências, mas parece que estão a ser mais papistas do que o papa.

APDCA – Em jeito de resumo, que pontos pode destacar nestes anos como associado da APDCA?

António Pinto – Além das inúmeras ações em defesa do setor, destaco iniciativas como a recente certificação de usados, uma ideia que quando for posta em prática e conhecendo os profissionais envolvidos, será decisiva para reforçar a confiança de todos, sejam comerciantes ou clientes. Outra coisa que ainda não referi e que para mim é crucial é o espírito de grupo e de equipa que une os associados e que tem vindo a crescer com o passar do tempo. Esta ideia de que “juntos somos mais fortes” não é uma utopia, é uma realidade palpável e que faz mesmo a diferença na relação com os parceiros, com as instituições e até com o Governo.