APDCA – Quando é que surgiu a Cardouro e a vossa ligação à APDCA?
Ruben Moura – A Cardouro surgiu há cerca de cinco anos. Há quase quatro anos soubemos, através de um dos membros fundadores, que a iria nascer a APDCA e como nos revemos nos princípios que nortearam a sua criação, aderimos logo no começo.
APDCA – Quais têm sidos os maiores desafios neste último ando marcado pela pandemia e de que forma a APDCA pode ajudar a minimizar as dificuldades?
Ruben Moura – Para ser honesto, acho que as maiores dificuldades ainda estão para vir. De alguma forma, soubemos adaptar-nos a esta nova realidade e trabalhamos muito bem a vertente digital e online. Esta é uma área de negócio que, há algum tempo, depende muito das “montras” digitais, seja em plataformas próprias, nos sites, nas redes sociais ou em plataformas de terceiros. Quando não soube evoluir e acompanhar as tendências corre o sério risco de ficar pelo caminho.
Nós, felizmente, e apesar das portas fechadas, continuamos a ter clientes que nos procuram online. Também nos posicionamos num segmento de mercado (médio-alto e alto) que é mais imune a fenómenos como o crédito (ou a falta dele) e em que os clientes dominam as ferramentas tecnológicas ou estão habituados a lidar com estas de uma forma descomplicada.
Agora, há uma série de questões que já vinham do passado e que se agudizaram com esta crise pandémica, como o IUC dos automóveis em stock e o combate às importações paralelas.
APDCA – Tem alguma sugestão para combater efetivamente esse flagelo?
Ruben Moura – Nunca me dediquei a fundo a essa questão. Eu percebo de automóveis e do setor, mas nunca me debrucei sobre essa matéria. Acho que uma solução poderia passar pela certificação dos comerciantes. Não digo o particular que quer vender um automóvel, mas de todos os restantes que se fazem passar por particulares e acabam a vender dezenas de automóveis. O mesmo se passa com as importações. Eu não recorro à importação, mas todos sabemos que, hoje em dia, qualquer pessoa consegue importar um automóvel ou vários e vender sem ter uma porta aberta ou pagar impostos. Só quem anda neste meio com transparência e a cumprir as suas obrigações fiscais é que sabe o quanto custa manter uma porta aberta e funcionar sempre de acordo com a legislação em vigor. A quantidade de “comerciantes” que vive à margem da lei é imensa e prejudica tudo e todos. Se eles fogem aos impostos, quem paga a “conta” somos todos os portugueses.
APDCA – Já recorreu alguma vez diretamente ao apoio da APDCA?
Ruben Moura – Sim, na maioria das vezes para me ajudarem com alguma questão jurídica ou alguma dúvida que tinha sobre um determinado cliente ou processo. Nesse aspecto (como em outros) a APDCA é muito útil porque podemos contatar diretamente e, se não souberem de imediato, arranjam sempre quem saiba.
APDCA – Como é que correu o ano de 2020 e que perspetivas tem para 2021?
Ruben Moura – Só posso dizer que tomara eu que 2021 corra tão bem como 2020. Estou a falar, obviamente, da vertente do negócio. Os últimos anos têm sido favoráveis para a Cardouro o que nos permitiu amealhar uma almofada financeira que nos leva a encarar o futuro com esperança e algumas certezas. A incógnita aqui é saber como vai reagir a economia e em estado estará o mercado daqui a um ano. Eu sou otimista por natureza e acho que não devemos andar sempre a queixarmo-nos e a baixar os braços. Temos de ter força, capacidade de adaptação e resiliência.