Auto Amorim

APDCA – Com quase uma dezena de anos de experiência, como tem visto o trabalho desenvolvido pela APDCA desde a sua fundação e, em especial, neste período ainda mais desafiante para todos?

Mauro Amorim – Somos sócios da APDCA quase desde a sua fundação. Quando soubemos da criação da Associação, através das redes sociais e, mais tarde, pelo feedback de outros empresários do setor, decidimos desde abraçar o projeto. Num segmento de mercado tão sacrificado por inúmeras injustiças e num setor em que a união era uma expressão pouco usada, ter uma Associação de empresários que nos represente e que nos unifique em torno de objetivos e valores comum é, por si só, motivo de regozijo.

APDCA – Quais são os maiores desafios que reconhece no setor hoje em dia?

Mauro Amorim – Os problemas são os mesmos dos últimos anos, os efeitos da pandemia apenas tendem a agudizá-los. A concorrência desleal é, quanto a mim, o maior flagelo. Os falsos “profissionais” a quem nada é exigido e que não estão sujeitos à carga de impostos que nos afligem. Com preços com os quais não podemos competir porque temos toda uma estrutura sobre os nossos ombros e encargos que temos de respeitar.

APDCA – De que forma podemos combater este “flagelo”, como afirma?

Mauro Amorim – O combate podia passar pela profissionalização e certificação de todas empresas. Para poder operar no setor do Comércio de Usados os profissionais deveriam ser todos certificados, para distinguir o trigo do joio. Não estou a falar do particular que quer vender o carro para comprar um novo. Estou a falar de quem faz desta atividade a sua profissão, de quem vende dezenas de automóveis por ano, importados ou nacionais, não importa, mas não é obrigado a ter uma empresa ou a pagar os seus impostos. O Governo até podia dar um incentivo, a começar logo pela questão do IUC dos automóveis em stock. Se isentassem os verdadeiros profissionais, isso iria desmotivar os restantes ou incentivar a quem estivesse a ponderar enveredar pela criação de uma empresa séria e fidedigna. Em última análise, esta profissionalização iria beneficiar todos, a começar pelos consumidores que
poderiam usufruir de uma maior transparência e clareza nos negócios.

APDCA – Qual seria o papel da APDCA nesta “luta”?

Mauro Amorim – A APDCA tem feito um trabalho muito meritório. Não só na formação como na informação aos associados. O processo para a intermediação de crédito é um exemplo do bom papel desempenhado. A intervenção da APDCA foi crucial para levar tudo a bom porto, até porque eram mais as incertezas do que as certezas. Além deste apoio direto, o facto de ser uma Associação que representa um setor com bastante peso financeiro torna a APDCA uma interlocutora privilegiada na luta pelos nossos interesses junto da tutela. Acho que devem dinamizar esta posição e ganhar ainda maior poder interventivo. A Auto Amorim foi criada em 2012 e nestes últimos (quase) dez anos já assistimos a várias tentativas de mediação, mas, agora, com o setor mais unido e a falar a uma só voz por intermédio da APDCA, acho que, mais do que nunca, podemos mesmo fazer a diferença.

Nós até não nos podemos queixar muito porque, embora tenhamos assistido a um decréscimo nas vendas na primeira metade do ano, este acabou por se revelar positivo, mas podem existir outras empresas em maiores dificuldades e ter uma associação forte e coesa, que possa ter uma voz ativa, pode fazer a diferença no futuro desses empresários e dar um impulso a todo o setor.